quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
A mala...
Janeiro já está quase indo embora, pouca coisa mudou nesse inicio de ano, exceto minha barriga que cresce num ritmo um tanto assutador... e as gordurinhas que a cercam que me fazem desconhecer a mulher que vejo do outro lado do espelho... Engordei demais em pouco tempo, o suficiente para ouvir reclamações de obstetra à ultrassonografista, tenho consiencia dos meus excessos, mas controle?! bom aí já é demais...
Nunca imaginei que teria meu nivel de ansiedade triplicado....como deixei de ir ao psicologo( bom nem sei se mencionei que fazia terapia a meses...talvez não fosse necessario mencionar...) meu já diagnosticado e não medicado "transtorno de ansiedade compulsiva" tenha piorado muito... Nem sei se posso tomar medicação grávida, mas já que ele achou melhor não me dar remédios, acabo curando minhas magoas na velha e boa comida, fazer o que?!
Já estou com quase 4 meses e ainda me sinto estranhamente "não grávida", esse sentimento só muda quando faço um ultra som e me sinto estranhamente "abobalhada" ao ver que tem alguem se mexendo(e muito!) dentro da minha barriga... Impossível não lembrar de Liz o tempo todo, impossivel não falar dela, impossivel não comparar sensaçãoes, emoções, compras e enxovais...
Ainda não sei se virá outra menina, ou um menino...as vezes nem queria saber... Mas o mundo me cobra demais por uma resposta, então quem sabe mês que vem teremos uma? esse mês, o já genioso bêbe não quis dár o ar das graças, ou melhor, das pernas abertas...
A dor fica a cada dia mais solitária... Ninguem mais compreende o choro, a falta...nem mais aqueles mais proximos... Tudo bem...Tenho me acostumado com a solidão, sempre gostei de ficar sozinha, de olhar pro teto e contar telhas, pensar num futuro que nunca acontecerá, lembrar de um passado que um dia foi bom ou ruim, e imaginar que poderia ter agido de outro jeito... As vezes olho pro lado e sinto falta de medir o espaço entre eu, ela e o marido...de conferir se está coberta, quentinha...
Algumas coisas desagradaveis continuam acontecendo na vida, coisas que me entristecem muito e que me fazem me sentir de lado, sozinha de verdade e solta no mundo... Ontem pensei sozinha na cama: -"Se ela estivesse aqui tudo seria diferente...", Talvez essas coisas não acontecessem, talvez eu não me deixasse abalar tão facil, ou quem sabe nem me importaria, ela estava ali e me bastava...
Mas não.. ela não está.. dói demais, senti um vazio maior que todos os dias... então fiz uma peripercia que só a condição de estar sozinha de madrugada me proporcionou... peguei uma escada e coloquei em frente ao guarda roupas. Fiquei olhando pra ela alguns instantes imaginando se teria mesmo coragem. Tive. Subi. E com algum esforço puxei lá de traz meu passado, um ano inteiro de sonhos, alguns meses de um passado realizado e varios meses de um futuro que nunca vai existir...
Quase caio, quase sorri...não fiz um, nem outro. Segurei com força e desci...Sentei-me na cama e fiquei olhando...Será que estou preparada? Será que isso não vai me fazer mal? Decidi enfrentar... As coisas ainda tem o cheiro dela, talvez seja o cheiro de todos os bebês, mas aquelas coisas tem o cheiro do meu bebê, tem o cheiro dela. Lembrei do dia que comprei cada peça, dos amigos que deram outras, dos dias que usamos, e das que nunca chegamos a usar...
Chorei, chorei muito... Lamentei tudo aquilo não ter mais uma dona... Abracei fraldas e ninei vestidos, arrisquei pôr alguns chapéus na cabeça, meias nos dedos e tudo de volta nas gavetas... Mas olhei ao redor, o silencio de companhia, os sacos fazendo zuada, lembrando pra que eles servem... Não adianta mais... e se for menina? Arrisquei procurar alguma coisa, não deu...tudo foi pra ela.. não seria justo fazer de outra menina uma sombra, não dizer: - Comprei essa roupa pra você!!!! não, não seria justo...
Respirei fundo, e cheirando uma a uma, guardei cada peça com dor e cuidado... Chorei mais... E por mais que as lágrimas não cáiam dos meus olhos, meu coração chora o tempo todo de lembrar que tudo o que eu sonhei um dia, virou uma mala de roupas em cima do guarda roupas...
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Tudo novo, de novo....
Desde o dia 01 que tento escrever alguma coisa sobre esse ano novo.... A verdade é que só consigo me sentir aliviada por 2010 ter terminado. Para mim foi um ano terrivel, de mudanças não planejas e nem um pouco agradáveis. Verdade que começamos muito bem, afinal janeiro de 2010 foi um mês perfeito, que nos deu a impressão de que teriamos um ano ótimo...E agora no finalzinho, compramos nossa casa e recebemos a noticia da chegada de um novo bebê...
O problema é que, o decorrer do ano deixou marcas tão profundas, que não consigo sentir muita alegria pelos poucos momentos de alegria...
Agora, um ano novinho em folha...a mesma coisa que disse no inicio de 2010... Cheio de surpresas, cheio de novidades.. Serão elas boas ou ruins?! Quanto a casa, ainda aguardaremos o ano todo, acho que essa talvez seja uma comemoração para 2012. Quanto ao bebê, cresce em paz, Graças a Deus!!! Ainda morro de medo a cada ultra som, minha pressão sobe a cada consulta e a ansiedade já me fez engordar mais do que deveria...
A cada dia que se passa, a medida que fevereiro se aproxima, meu coração aperta... A sensação é que no dia 10 vou passar pela mesma coisa... CArnaval sempre será um periodo tenso, fevereiro e março então... Nunca mais terei um aniversário de casamento puramente feliz.... Sempre lembrarei, do café da manhã no refeitório do hospital, a mensagem que meu marido me mandou pelo celular, a traqueostomia programada para aquele dia que não foi feita... A ultima noite que não passei ao lado da minha filha....
Envelheci tanto em 2010... Não me acho mais bonita...Nao consigo mais ser bonita.... Alguem disse por aqui que tenho me feito de vítima, de doente... Bom, eu prefiro deixar que cada um pense o que quiser sobre mim... Vai mudar alguma coisa do que sinto ou do que sou?! acho que não.... Quem me conhece sabe como me comporto e como sou de verdade....
Isso aqui é só uma forma de dizer a verdade,de dizer a minha verdade, sem precisar fingir,sem precisar sorrir sem querer, nem chorar e ser mal interpretada... Uma amiga disse uma vez que as mães que perdem seus filhos são guerreiras...E são mesmo, muita gente não aguentaria passar por metada da dor, dos conflitos internos, das duvidas,dos medos, de toda loucura que vira nossa vida....
Perder um filho, não é como perder um cachorro... Que você pode até chorar, ficar triste, mas logo logo outro vem pro lugar e você esquece do primeiro. Você espera 9 meses, cria expectativas, se apaixona pelo rosto, pelas manias, pelo cheiro, o sorriso é encantador... As vezes acho que um filho é como um predador para mãe, tudo em um bebê atrai a mãe... É impossivel, se você não tem filhos, compreender o significado do olhar fixo que uma criança tem pra mãe, da mão em cima do peito quando mama.
Quando seu filho chora, que você pega no colo e ele cala, é uma sensação de plenitude, de capacidade, não sei explicar bem, mas é maravilhoso ser mãe... Faz você flutuar... Só de lembrar disso me sinto plena, e ao mesmo tempo me sinto tão triste por ter sido podada...
Tenho muito medo de passar por tudo de novo, e as vezes acho que tenho me resguardado demais em relação a essa nova gravidez por conta disso... Mas vamos aguardar as surpresas de 2011, afinal, depois da tempestade,o normal é vir a bonança não é?
Feliz Ano Novo pra você!!!
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