O que será que me resta?

Todo os dias penso no que escrever aqui... As vezes são tantas coisas, que meus pensamentos se misturam e acaba não dando em nada. Tenho mantido uma jornada pesada de trabalho, e nem sempre é tão prazeroso assim... As pessoas esperam comportamentos de mim e isso me assusta, me coage e quase sempre me deixa chateada.
Não gosto de ser cobrada, nunca gostei. Sempre travo quando esperam e cobram muito de mim, quero ser eu, quero fazer as coisas que gosto, do jeito que gosto, sem necessariamente ser para agradar ou só por que alguém quer que seja assim.
Sempre fui vitima de “pré-conceitos”, não raramente ouço coisas do tipo: - eu pensava que você era assim ou assado... E também tenho uns admiradores de não sei o que, gente que chega a me odiar pelo o que sou.. Vida louca essa nossa, cercada de gente doida...
Uma das coisas que eu mais questionei a Deus quando Liz me deixou foi que, eu nunca quis nada de ninguém, nunca desejei nada de ninguém. Sempre vivi a minha vida na minha, tinha os meus sonhos, os meus planos, mas nunca fiz nada que afetasse ou que fosse ofensivo a alguém.
Tenho tentado entender por que os bons morrem cedo, por que quanto mais a gente tenta andar certinho, não cometer erros, é ai que somos mais perseguidos e que perdemos mais coisas.
Será que a vida é um grande teste? Será que temos que lutar o tempo todo pra provar que merecemos alguma coisa?
Tenho me fechado um pouco em copas, e pouco converso com as pessoas sobre o que sinto...É estranho dizer isso, já que coloco na internet meus pensamentos...Mas a verdade é que não falo muito sobre isso, e até quando alguém tenta debater comigo sobre o que escrevo aqui, não me sinto confortável. Acho que o fato de escrever sozinha sempre e de não ver quem lê, me dá uma sensação de diário mesmo, de que só eu leio isso.
Muita coisa mudou na minha cabeça, antes de tudo isso acontecer eu tolerava alguns fatos, algumas pessoas e alguns ambientes. Mesmo sabendo que não eram tão adequados, das coisas erradas que aconteciam ao meu redor, não me afetavam e eu conseguia viver perto delas mesmo me incomodando. Hoje, não consigo mais. Acho que não preciso estar perto de gente que acho chata, inconveniente e em lugares que não me agradam, em que não me sinto bem. A vida é tão difícil, e os momentos alegres tão esparsos, por que desperdiçá-los perto de gente desinteressante?
Tem gente por ai sentindo minha falta, peço desculpas, mas aquela de quem sentem falta não existe mais...Não tenho mais as mesmas motivações, mudei vários dos meus pensamentos e dos meus planos... Se fiquei mais chata do que era? Bom, difícil dizer...Tem gente que me ama e gente que me odeia, até nisso não sou de meios termos...Mas de verdade, pouco me importa. Eu tenho me tolerado, meu marido tem me tolerado e basta.
Alguma razão muito boa Deus deve ter pra ter tirado minha filha de mim, qual? Boa pergunta... O que me restou foi uma vida aparentemente longa, aparentemente saudável, e escolhas que são muitas...Escolher viver depressiva ou não, escolher trabalhar ou não, escolher estudar ou não, escolher ter outros filhos ou não, escolher tanta coisa...Menos ser feliz, tirem isso da cabeça, a gente não escolhe ser feliz ou não. Tem algum idiota por aqui que escolhe ser triste? Claro que ninguém quer ser triste! Todo mundo quer ser feliz, e aquelas teorias de que a gente tem que correr atras da felicidade, de que temos que cultivar nosso jardim, é tudo psicologia barata!!!!
Felicidade são lampejos, momentinhos que passam por nós, só pra gente não enlouquecer de vez. O que nos resta é esperar de olhos bem abertos a hora que ela passar e segurar, mas segurar com força pra ver se ela demora um pouco mais. Não se distraia nunca, por que se ela passar, você vai ficar como eu, sentada na porta esperando sabe Deus até quando...